sábado, 29 de junho de 2019

PARA CONHECER CAIO FERNANDO ABREU...




Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não achei que ia conseguir dizer, quero dizer, dizer tudo aquilo que escondo desde a primeira vez que vi você, não me lembro quando, não me lembro onde. Hoje havia calma, entende? Eu acho que as coisas que ficam fora da gente, essas coisas como o tempo e o lugar, essas coisas influem muito no que a gente vai dizer, entende? Pois por fora, hoje, havia chuva e um pouco de frio: essa chuva e esse frio parecem que empurram a gente mais pra dentro da gente mesmo, então as pessoas ficam mais lentas, mais verdadeiras, mais bonitas. Hoje eu estava assim: mais lento, mais verdadeiro, mais bonito até. Hoje eu diria qualquer coisa se você telefonasse. Por dentro também eu estava preparado para dizer, um pouco porque eu não agüento mais ficar esperando toda hora você telefonar ou aparecer, e quando você telefona ou aparece com aquelas maçãs eu preciso me cuidar para não assustar você e quando você me pergunta como estou, mordo devagar uma das maçãs que você me traz e cuido meus olhos para não me traírem e não te assustarem e não ficarem querendo entrar demais dentro dos teus olhos, então eu cuido devagar tudo o que digo e todo movimento, porque eu quero que você venha outras vezes. 
(...) 
A cada dia viver me esmaga com mais força.
Caio Fernando Abreu
Narciso ou O Auto admirador (em grego antigoΝάρκισσος)



Na mitologia grega, era um herói do território de TéspiasBeócia, famoso por sua beleza e orgulho.
Várias versões do seu mito sobreviveram: a de Ovídio, das suas Metamorfoses; a de Pausânias, do seu Guia para a Grécia (9.31.7); e uma encontrada nos Papiros de OxirrincoChenoboskion, também chamada Oxyrhynchus. Era filho do deus-rio Cefiso e da ninfaLiríope. No dia do seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Seu equivalente romano é Valentim; ainda que este seja pouco representado, e comumente confundido com Cupido.
Pausânias localiza a fonte de Narciso na cama juntos em Donacon, no território dos Téspios. Pausânias acha incrível que alguém não conseguisse distinguir um reflexo de uma pessoa verdadeira, e cita uma variante menos conhecida da história, na qual Narciso tinha uma irmã gémea. Ambos se vestiam da mesma forma e usavam o mesmo tipo de roupas e caçavam juntos. Narciso apaixonou-se por ela. Quando ela morreu, Narciso consumiu-se de desgosto por ela, e fingiu que o reflexo que via na água era sua irmã. Onde o seu corpo se encontrava, apenas restou uma flor: o narciso.
Como Pausânias também nota, outra história conta que a flor narciso foi criada para atrair Perséfone, que era filha de Deméter, para longe das suas companheiras e permitir que Hades a raptasse.
Segundo Frazer, a origem do mito pode ser muito antiga, compartilhada pelos indo-europeus, e relacionada a lendas de outros povos, como os zulus, segundo os quais o reflexo representa a alma, que é roubada por bestas da água.

LEITURAS OBRIGATÓRIAS: UM DESAFIO PARA OS PROFESSORES DE LITERATURA EM SALA DE AULA
teacherginaldo@hotmail.com

           
            Segundo a revista Conhecimento Prático Literatura (CPL), número 35, Fevereiro/2011, da editora Escala Educacional, não se pode mais negar a influência da instituição do vestibular no ensino médio e com isso, torna-se necessário destacar a importância da leitura de obras obrigatórias sugeridas para o processo de vestibular.
             Essa obrigatoriedade de leitura de livros sugeridos pela própria instituição, indicando algumas obras, que para eles, merecem ser destacadas e que se subentende que foram de igual importância para a formação do aluno, como leitor, muitas vezes não condiz com a realidade vivenciada por esse aluno. Os motivos são muitos e variados, mas o que mais se destaca nesse emaranhado prolixo é que muitas dessas obras não são trabalhadas pelo professor de literatura em sala de aula, ou quando o faz, é de forma desprazerosa e sem atrativo nenhum para o aluno.  Outros motivos, tais como, a despreparação do professor de literatura, que não tem o hábito da leitura, a limitação do aluno para compreender a obra, identificando o contexto histórico em que está inserida, nem o período literário, a inter-relação da obra com outra, contribuem para que o aluno não alcance a proposta esperada da instituição ao prestar o exame de vestibular.
            Neste sentido, a desculpa se dá pelo fato de que não há tempo hábil na vida de um estudante de ensino médio para ler os grandes representantes de nossa Literatura Brasileira. Por outro lado, ao escolher o livro que deve ser lido, no processo seletivo do vestibular, a instituição corre o risco de deixar de fora algumas obras de igual importância para o desenvolvimento intelectual literário desse aluno. Para a CPL, os livros não mais se dividem apenas por períodos literários, e sim, é aproveitado tudo o que há em suas semelhanças e diferenças.
É preciso, portanto, aproximar o aluno da obra. Neste sentido, o papel do professor de literatura se destaca como intermediador direto desse processo. É ele o responsável por essa indicação e até mesmo, na criação de forma canônica de seu leitor, despertando o interesse, tanto do clássico como o do contemporâneo. E nesse contexto então, não ficariam algumas obras também de fora, já que é quase impossível para que todos os autores e obras sejam estudados e lidos durante o período letivo?
O ideal seria, portanto, que o aluno tivesse contato com os livros e autores referentes a cada escola literária, lendo, produzindo resenhas, artigos e até mesmo fazer uma crítica abordando e analisando as características inerentes a cada obra, assim como, seu contexto, interagindo com a história, discutindo sobre as personagens e as situações em que são envolvidas.
Transformar alunos em leitores é, sobretudo, o desafio do professor de literatura. E o principal objetivo é justamente despertar a paixão pelo enredo de romances que marcaram época, que foram e ainda são, importantes para que se conheça o passado, relacionando-o e comparando-o com a atualidade. Ler uma obra considerada clássica deve ser tão prazeroso quanto ler uma contemporânea. Autores como Machado de Assis e José de Alencar são injustiçados quando se justifica o desinteresse do aluno ao ler uma obra considerada de difícil compreensão. E o principal argumento desse desinteresse é justamente a linguagem, quase sempre considerada rebuscada, o que permite ao aluno de ensino médio se sentir descontextualizado, já que a falta da leitura o limita por uma questão vocabular.
A escolha obrigatória dos livros e autores para o vestibular desconsidera esse detalhe. Subtende-se que o aluno de ensino médio está preparado para prestar o exame e que leu e estudou as obras escolhidas. Mero engano. A maioria dos alunos, por falta de tempo para a leitura, copiam as resenhas de livros via internet ou procuram sites de literatura com artigos relacionados às obras ao invés de lê-las. Dessa forma, a leitura do livro na íntegra passa a ser figurativa, uma metáfora, atendo-se apenas a fragmentos retirados de resumos, impossibilitando o aluno a ter uma visão geral da obra.
E como fazer para reverter essa realidade? Como despertar no aluno o interesse na leitura sem a imposição? Ler é, sobretudo, um prazer que deve ser apreciado. O interesse deve partir do indivíduo e não da imposição, e o hábito da leitura independe da obrigatoriedade. Por outro lado, o professor de literatura deve estar atento ao que seus alunos estão lendo, para que se possa tirar dessa leitura algo em que se faça uma inter-relação com o que está ensinando. É aproveitar o interesse do aluno para poder inserir em suas aulas o conteúdo programático sem se tornar desinteressante ou cansativo.
Outra sugestão seria aproveitar filmes adaptados de livros e apresentar para os alunos, fazendo com que eles após a exibição, debatam, escrevam um comentário crítico, resenhem e coloquem sua opinião critica da adaptação em relação à obra, numa análise comparativa. Este recurso é utilizado pelo professor e o resultado, para o aluno, é mais satisfatório, porém é preciso ressaltar que a leitura é mais completa que o filme, por ser impossível apresentar todo o conteúdo que há no livro, deixando de fora a riqueza de detalhes da descrição narrativa.
Dessa forma, o desafio imposto ao professor de literatura na formação de leitores poderá ser amenizado se houver um comprometimento com o conteúdo programático, que deve ser ensinado e o que se espera do aluno em relação ao exame do vestibular, preparando-os de forma adequada, procurando apresentá-los as obras, transformando a obrigatoriedade numa nova perspectiva: a do saber e o do descobrir ao invés do decorar.


PARA UMA BOA LEITURA...




A história da nordestina Macabéa é contada passo a passo pelo escritor Rodrigo S.M., alter-ego de Clarice Lispector, de um modo que busca permitir aos leitores acompanhar o seu processo de criação. O autor faz o relato da vida triste e sem perspectiva da alagoana, pontuada com as informações do 'Você sabia?' da rádio Relógio, sinistro metrônomo a comandar o ritmo de seus últimos dias de vida. Para a cartomante Carlota, a quem Macabéa procura em busca de um sopro de esperança, esses dias derradeiros deveriam ser coroados com o casamento com um estrangeiro rico. Mas, ironicamente, Macabéa termina sob as rodas de um automóvel de luxo Mercedes-Benz.
UMA CRÔNICA...



Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade". 
Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. 
Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. 
Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. 
No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranqüilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo. 
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. As vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados. 
Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! 
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. 
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. 
Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada. 
Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. 
Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.

Felicidade clandestina

Clarice Lispector
A ARTE DE FRIDA KAHLO...











UM MOMENTO COM FRIDA KAHLO



Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón[1] (Coyoacán6 de julho de 1907 — Coyoacán, 13 de julho de 1954
Foi uma pintoramexicana que criou muitos retratos, auto-retratos e obras inspiradas na natureza e nos artefatos do México. Inspirada na cultura popular do país, ela empregou um estilo de arte popular ingênua para explorar questões de identidade, pós-colonialismo, gênero, classe e raça na sociedade mexicana.
O trabalho de Kahlo como artista permaneceu relativamente desconhecido até o final dos anos 1970, quando seu trabalho foi redescoberto por historiadores de arte e ativistas políticos. No início dos anos 1990, ela se tornou não apenas uma figura reconhecida na história da arte, mas também considerada um ícone para Chicanos, o movimento feminista e o movimento LGBTQ. O trabalho de Kahlo tem sido celebrado internacionalmente como emblemático das tradições nacionais e indígenas mexicanas e pelas feministas, pelo que é visto como uma descrição intransigente da experiência e forma feminina.

PARA CONHECER O POETA...



Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa13 de junho de 1888 — Lisboa30 de novembro de 1935
Foi um poetafilósofodramaturgoensaístatradutorpublicitárioastrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português.
Fernando Pessoa é o mais universal poeta português. Por ter sido educado na África do Sul, numa escola católica irlandesa, chegou a ter maior familiaridade com o idioma inglês do que com o português ao escrever os seus primeiros poemas nesse idioma. O crítico literário Harold Bloom considerou Pessoa como "Whitman renascido", e o incluiu no seu cânone entre os 26 melhores escritores da civilização ocidental, não apenas da literatura portuguesa mas também da inglesa.
Das quatro obras que publicou em vida, três são na língua inglesa. Fernando Pessoa traduziu várias obras em inglês (e.g., de Shakespeare e Edgar Allan Poe) para o português, e obras portuguesas (nomeadamente de António Botto e Almada Negreiros) para o inglês.
Enquanto poeta, escreveu sob diversas personalidades – heterónimos, como Ricardo ReisÁlvaro de Campos e Alberto Caeiro –, sendo estes últimos objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Robert Hass, poeta americano, diz: "outros modernistas como YeatsPoundElliot inventaram máscaras pelas quais falavam ocasionalmente... Pessoa inventava poetas inteiros." 
POETIZANDO...


PARA OS QUE AMAM...
Fernando Pessoa


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar, 
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa
ATENÇÃO ALUNOS

EXEMPLO DE UMA REDAÇÃO 1000 – ENEM 2018

Maria Eduarda Fionda, 18 anos


George Orwell, em sua célebre obra “1984”, descreve uma distopia na qual os meios de comunicação são controlados e manipulados para garantir a alienação da população frente a um governo totalitário. Entretanto, apesar de se tratar de uma ficção, o livro de Orwell parece refletir, em parte, a realidade do século XXI, uma vez que, na atualidade, usuários da internet são constantemente influenciados por informações previamente selecionadas, de acordo com seus próprios dados. Nesse contexto, questões econômicas e sociais devem ser postas em vigor, a fim de serem devidamente compreendidas e combatidas.
Convém ressaltar, em primeiro plano, que o problema advém, em muito, de interesses econômicos. Segundo o sociólogo alemão Theodor Adorno, a chamada “Indústria Cultural”, visando o lucro, tende a massificar e uniformizar os gostos a partir do uso dos meios de comunicação. Sob esse viés, é possível depreender que a utilização de dados dos internautas por determinados grupos empresariais constitui uma estratégia de divulgação da produtos e pensamentos conforme seus interesses. Dessa maneira, ocorre a seleção de informações e propagandas favoráveis a essas empresas, levando o usuário a agir e consumir inconscientemente, de acordo com padrões estabelecidos por esses grupos.
Outrossim, o mau uso das novas tecnologias corrobora com a perpetuação dessa problemática. Sob a ótica do teórico da comunicação Marshall McLuhan, “os homens criam as ferramentas e as ferramentas recriam o homem”. Nessa perspectiva, é perceptível que o advento da internet, apesar de facilitar o acesso à informações, contribui com a diminuição do senso crítico acerca do conteúdo visualizado nas redes. Isso ocorre, principalmente, por conta do bombardeamento constante de propagandas e notícias, muitas vezes, sem a devida profundidade e sem o acompanhamento de análises de veracidade. Consequentemente, os internautas são cada vez menos estimulados a questionar o conteúdo recebido, culminando, então, em um ambiente favorável à manipulação de comportamentos.
É possível defender, portanto, que impasses econômicos e sociais constituem desafios a superar. Para tanto, o Poder Público deve restringir o acesso de empresas a dados pessoais de usuários da internet, por meio da elaboração de uma legislação eficaz referente ao problema. Ademais, a mídia, associada a ONGs, deve alertar a população sobre as mazelas de não questionar o conteúdo acessado em rede, por meio de campanhas educativas. Isso pode ocorrer com a realização de narrativas ficcionais engajadas, como novelas e seriados, e reportagens que tratem do tema, a fim de contribuir com o uso crítico das novas tecnologias. Assim, será possível restringir, de fato, a distopia de Orwell à ficção.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

O que é inclusão escolar?



Inclusão escolar é acolher todas as pessoas, sem exceção, no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social e condições físicas e psicológicas. O termo é associado mais comumente à inclusão educacional de pessoas com deficiência física e mental.
Recusar-se a ensinar crianças e jovens com necessidades educacionais especiais (NEE) é crime: todas as instituições devem oferecer atendimento especializado, chamado de Educação Especial. No entanto, o termo não deve ser confundido com escolarização especial, que atende os portadores de deficiência em uma sala de aula ou escola separada, apenas formadas de crianças com NEE. Isso também é ilegal.
O artigo 208 da Constituição brasileira especifica que é dever do Estado garantir "atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino", condição que também consta no artigo 54 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
A legislação também obriga as escolas a terem professores de ensino regular preparados para ajudar alunos com necessidades especiais a se integrarem nas classes comuns. Ou seja, uma criança portadora de deficiência não deve ter de procurar uma escola especializada. Ela tem direito a cursar instituições comuns, e é dever dos professores elaborar e aplicar atividades que levem em conta as necessidades específicas dela.
No caso da alfabetização para cegos, por exemplo, o aluno tem direito a usar materiais adaptados ao letramento especial, como livros didáticos transcritos em braille para escrever durante as aulas. De acordo com o decreto 6.571, de 17 de setembro de 2008, o Estado deve oferecer apoio técnico e financeiro para que o atendimento especializado esteja presente em toda a rede pública de ensino. Mas o gestor da escola e as Secretarias de Educação e administração é que precisam requerer os recursos para isso.
Às vezes o atendimento escolar especial (AEE) deve ser feito com um profissional auxiliar, em caso de paralisia cerebral, por exemplo. Esse profissional auxilia na execução das atividades, na alimentação e na higiene pessoal. O professor e o responsável pelo AEE devem coordenar o trabalho e planejar as atividades. O auxiliar não foge do tema da aula, que é comum a todos os alunos, mas o adapta da melhor forma possível para que o aluno consiga acompanhar o resto da classe.
Mas a preparação da escola não deve ser apenas dentro da sala de aula: alunos com deficiência física necessitam de espaços modificados, como rampas, elevadores (se necessário), corrimões e banheiros adaptados. Engrossadores de lápis, apoio para braços, tesouras especiais e quadros magnéticos são algumas tecnologias assistivas que podem ajudar o desempenho das crianças e jovens com dificuldades motoras.
Ficou interessado e quer saber mais sobre o assunto? Confira os cursos de Educação InclusivaEducação Especial e Adaptação Curricular para Educação Especial.

Comissão de Educação aprova proposta do ensino de Libras obrigatório nas escolas públicas brasileiras




Foi aprovado pela comissão de Educação a proposta que torna obrigatório que as escolas públicas brasileiras ofereçam o ensino de Libras (Língua Brasileira de Sinais), sendo a matrícula facultativa para os alunos.
A proposta foi apresentada pelo deputado Diego Garcia, Projeto de Lei 2040/11. Essa lei torna obrigatório que as escolas ofertem o ensino de Libras desde a educação básica. Essa Lei será uma grande impulsionadora para uma educação inclusiva e que proporcione os direitos básicos de educação para todos.
Regulamento previsto na nova Lei 2040/11
Os municípios que possuem menos de 10 mil habitantes não serão obrigados a oferecer o ensino de Libras. Por outro lado, aqueles que possuem mais de 10 mil habitantes, terão um período de até 7 anos para implementar, gradualmente, a nova lei. Veja os prazos:
180 dias: capitais estaduais e do Distrito Federal;
2 anos: municípios com mais de 100.000 (cem mil) habitantes;
4 anos: municípios com mais de 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
7 anos: municípios com mais 10.000 (dez mil) habitantes.
De acordo com o IBGE, atualmente existem 45,6 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência, isso corresponde a 23,9% do número total da população. O número de pessoas surdas ou com algum grau de deficiência auditiva chega aos 10 milhões. Aproximadamente 800 mil dessas pessoas têm até 17 anos de idade.
Por isso o surgimento da nova Lei é necessário para que essas crianças e adolescente tenham acesso a educação de forma inclusiva e de qualidade.
Impacto positivo da nova educação no país
A Língua Brasileira de Sinais, Libras, é a segunda língua oficial brasileira e também a segunda mais utilizada no país. Assim, cada vez mais pessoas ouvintes vêm buscando se especializar na área. Os impactos positivos que isso pode gerar no país são imensuráveis, principalmente os que não podem ser vistos a curto prazo, como a melhora do aspecto psicológico das pessoas com a deficiência auditiva ou surdas. Veja alguns desses benefícios:
Comunicação: facilita o entendimento e a comunicação, seja pela família, seja pela sociedade;
Conhecimento: com mais conhecimento, o raciocínio é trabalhado e tem mais chances de se desenvolver quando se é criança;
Cultura: os surdos passam a ter contato com pelo menos duas culturas, bem como os ouvintes que optem pela disciplina de Libras;
Oportunidade de trabalho: as pessoas não ouvintes passam a ter mais oportunidades, bem como as pessoas ouvintes, devido à demanda e necessidade do mercado por profissionais capacitados na área.
A importância de possuir profissionais na área
Mesmo sendo a segunda língua oficial do país, a Libras ainda é pouco falada pela grande maioria, o que resulta na falta de comunicação com as pessoas que possuem deficiência auditiva e, consequentemente, na sua exclusão da sociedade.
Existe uma necessidade real de profissionais capacitados na área de educação inclusiva, essa educação precisa existir a partir da educação básica e por toda a vida escolar do aluno. A presença de pessoas que disponham desse conhecimento vai alavancar o número de pessoas surdas na escola.
Esses profissionais não atuam somente na área da educação, pelo contrário, o mercado está repleto de oportunidades justamente pela falta desses profissionais. Dentre as diversas áreas de atuação, há a possibilidade de ser intérprete, tradutor, atuar na área da saúde, entre muitas outras oportunidades. Vendo essa necessidade, cada dia mais pessoas estão procurando por cursos de Libras e, dessa forma, ingressando em uma nova área profissional.
Torne-se um especialista em Libras com o Estude Sem Fronteiras
Conforme foi descrito, a nova Lei proporcionará um novo leque de conhecimento para os deficientes auditivos e surdos, gerando inclusão social dessa parcela da sociedade no contexto acadêmico, social, cultural e econômico. Os benefícios para a população serão inúmeros, e, para isso, estar preparado é essencial.
O Portal Estude Sem Fronteiras pertence à Faculdade Metropolitana do Estado de São Paulo, e localiza-se na cidade de Ribeirão Preto. Oferece mais de 650 cursos oferecidos a todo o Brasil. São cursos de Extensão, Aperfeiçoamento e Pós-Graduação.
Com o !link Estude Sem Fronteiras, https://www.estudesemfronteiras.com/novo/você faz o curso de Libras e contribui assim para uma sociedade inclusiva, tornando-se um profissional diferenciado.
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EMBUSCA DO HERÓI PERDIDO
teacherginaldo@hotmail.com


            A literatura brasileira nunca foi tão carente de herói como é a contemporânea. Depois do Modernismo, a figura heroica que procurava enfrentar o mal e organizar o caos existente na humanidade, passou a ser um herói que nega sua vulnerabilidade mergulhando numa enorme solidão.
            Desde a antiguidade clássica grega à era moderna, o herói era personificado como um ser invencível e imortal. Possuía e cumpria o papel que lhes era destinado: o de protetores e defensores dos fracos e oprimidos da humanidade. Para ele o mais importante era combater o mal, e neste contexto, vencia sempre o bem. Era assim que a justiça e a bondade prevaleciam e empenhavam-se em combater as forças do mal. O herói enfrentava o perigo com fé e disposição de vencer, ao contrário do pós-moderno, que se tornou amargurado por ter sempre que vencer ou provar a sua invencibilidade. Percebemos que na literatura contemporânea há um destaque maior para o anti-herói. Essa visão imaginária se dá pelo fato de que autores contemporâneos cultuam temas ligados a própria realidade. A existencial. Mário de Andrade, escritor da primeira fase modernista no Brasil, deu destaque ao seu anti-herói, ou ao seu herói sem nenhum caráter, Macunaíma. A caricaturização deste herói é a vanguarda de todos os anti-heróis nacionais. A partir daí a literatura passa a dar ênfase, não mais somente aos feitos heróicos, e sim aos relacionados com os personagens coadjuvantes e não aos protagonistas da história.
            Heróis homéricos como Aquiles, Hércules e Perseu, eram o ser/herói único e solidamente construído, em que o imaginário mitológico permitia a fusão entre os deuses e o ser mortal, permanecendo num ciclo eterno, diferentemente da contemporaneidade, em que esta unicidade cedeu lugar a deuses desconstruídos. Na história da literatura a presença do homem comum como protagonista é, sobretudo, recente, pois sempre comportou apenas heróis considerados grandiosos capazes de realizar seus feitos em prol de uma humanidade tão carente de salvação. Esses heróis/deuses eram dotados de grande força e apareciam sempre com coragem e força, capazes de levar avante ações heroicas. Na modernidade este tipo de herói entra em decadência. Marshal Berman em seu livro Tudo que é sólido desmancha no ar, afirma que o ponto crucial do heroísmo moderno emerge de situações de conflito que permeiam a vida cotidiana no mundo moderno.
            Ao compararmos o herói clássico com o moderno, percebemos um distanciamento em sua composição e conceito de ser herói. Walter Benjamim observa esta questão em seu texto A Modernidade, o qual aborda a obra de Charles Baudelaire. Para ele, o herói é o verdadeiro objeto da modernidade. Sendo assim, é preciso então que tenhamos uma constituição heroica para se viver na modernidade. O heroísmo de Baudelaire está na forma como resiste ao mundo mesmo em situações adversas. Surge daí uma nova realidade inerente ao herói urbano, o flâneur, que vagueia pela cidade em busca de oportunidades, um sonho. E este herói baudelairiano está condenado a sofrer nesse mundo, pois não existe para ele uma função determinada, o que o aproxima do herói grego por terem uma existência trágica marcadas pelo sofrimento. Para Benjamim este herói moderno não estaria deslocado no tempo nem no espaço, pois observa a sua decadência dando lugar a um herói urbano, ao homem comum que anda pelas ruas, observa as pessoas, as casas, e isola-se devido a sua insegurança em relação ao mundo, tornando-se um herói melancólico.  
            Berman ainda afirma que um dos problemas fundamentais do modernismo do século XX é que nossa arte tende a perder contato com a vida cotidiana das pessoas. Com esse distanciamento a tendência é a separação do homem comum ao herói. Na literatura, o herói épico é imortalizado nas obras de Homero, depois ganham destaque nas novelas de cavalaria. Obras como Don Quixote, de Miguel de Cervantes e A Demanda do Santo Graal, do organizador Heitor Megale, retratam fielmente a posição do homem/ herói. Todos são movidos pela honra e o desejo de tornarem-se heróis de suas próprias aventuras. A nenhum deles é atribuído super-poderes, diferentemente de outros heróis que saíram dos gibis para as telas de cinema em Hollywood. Percebeu-se a partir daí a necessidade de se criar um herói. O objetivo era justamente preencher ilusoriamente a falta deste herói. Personagens como o Super Homem, Batman, Hulk e Homem Aranha, surgiram numa época em que o homem já não tinha heróis nenhum. Perdeu-se o encanto, a magia da mitologia, para entrar em cena o herói que todo o homem pós-moderno desejava ser. O herói que resolve tudo por si só. Invencível e acima de tudo, imortal, que se utiliza de recursos tecnológicos, armas e às vezes, suas próprias mãos para combater o mal.
            Do Barroco ao Modernismo esse herói literário desaparece por completo. Resta-nos apenas a presença marcante dos anti-heróis que compõem os romances e ganham destaque nas obras sobrepondo-se ao protagonista. De Shakespeare a João Guimarães Rosa, eles brilham ofuscando muitas vezes, o brilho que seria do personagem principal. E o resultado é exatamente o surgimento de grandes personagens como Iago, de Othelo, que manipula todos os demais personagens e enriquece a obra, transformando-a numa belíssima tragédia.
            Essa ausência do herói na literatura é notada pela falta que o mesmo faz em uma obra. Mesmo se criando personagens esteticamente considerados anti-heróis, que agradam a seus leitores, e tem o seu espaço garantido, falta na literatura o personagem que nos permita voltar a sonhar com o heroísmo e a magia que a literatura medieval exercia sobre o leitor. O que é um grande paradoxo, quando esperamos que surgisse um herói num mundo tão desconstruído de sonhos, em que a realidade é fria e agressiva, cheia de individualismos e culto a violência. Neste contexto então, é cabível que nos conformemos apenas com os heróis que ainda sobrevivem nos gibis, até que eles se percam no ostracismo que o tempo exerce sobre a figura de todos aqueles personagens quem um dia também foram heróis.

ENEM 2019

POSSÍVEIS TEMAS DE REDAÇÃO


Há uma série de assuntos que têm potencial para estarem entre os possíveis temas de redação do Enem 2019, confira:


1. Onda conservadora no cenário político brasileiro
As últimas eleições presidenciais deram um novo tom ao cenário político brasileiro, o do conservadorismo, que defende a manutenção de instituições tradicionais.

2. Liberação de agrotóxicos
Sabemos que o agronegócio movimenta a economia brasileira, mas algumas de suas práticas ao longo do tempo foram bastante prejudiciais ao meio ambiente e à saúde da população, como o uso de alguns agrotóxicos. A aplicação de parte desses aditivos estava proibida, mas foi liberada recentemente. Isso dá um bom tema para debate e para a redação do Enem 2019.

3. Violência contra a mulher, racismo, homofobia
Esses temas são recorrentes e estão sempre em pauta nas principais mídias. Apesar de campanhas de conscientização e de leis para a garantia de direitos cidadãos, os números de ocorrências de crimes de racismo, homofobia e contra mulheres não diminuem no país. Ou seja, esses temas podem voltar aparecer no Enem.

4. Direitos coletivos
A extinção do Ministério do Trabalho (MTE) impactará diretamente a relação patrão -empregado e a CLT. Lembre-se que o MTE era o responsável pela emissão de carteiras de trabalho e pela agência de empregos SINE.
Outro tema que se encaixa aqui é a Reforma da Previdência, que tem causado bastante burburinho devido à diminuição dos valores da aposentadoria e o aumento do tempo de contribuição.

5. Terapia com eletrochoque
Há algumas semanas, o Ministério da Saúde publicou um documento no qual dá aval ao tratamento com eletrochoque, liberando a compra dos aparelhos pelo SUS. Na mesma nota, há outro tema polêmico: a internação de crianças em clínicas psiquiátricas.
6. Estatuto do desarmamento
A indústria bélica movimenta muito dinheiro, daí o interesse por parte de empresários do setor na aprovação da medida. Trata-se de uma ruptura nos encaminhamentos político-sociais, pois saímos de um governo desarmamentista e entramos em um que defende a posse de armas.
A violência no Brasil também é uma pauta forte, que pode virar tema da redação de 2019.

7. Desastres ambientais
O rompimento da barragem em Brumadinho/MG causou centenas de mortes e muitos danos ambientais. Os impactos no meio ambiente são devastadores. A pauta é uma forte candidata a tema do Enem 2019.
Outros possíveis temas:
  • Corrupção no Brasil
  • Militarização em todos os escalões do governo
  • Privacidade na internet
  • Reaparecimento de doenças erradicadas (sarampo, poliomielite e outras)
  • Os impactos das fakes news na sociedade
  • Maus tratos e abandono de animais
  • Desafios da mobilidade urbana


8. O conceito de família no século XXI

Há, no Congresso Nacional, um projeto de lei que criou o Estatuto da Família. No texto, a família passa a ser definida como a união entre homem e mulher, excluindo a possibilidade de casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Além disso, o STF discute em 2019 duas ações que pedem a criminalização da homofobia. A população LGBT foi alvo de discursos de ódio durante as últimas eleições. Fake news (notícias falsas) sobre um suposto kit gay estiveram entre as mais compartilhadas em redes sociais e no WhatsApp. Sobre esse tema, analise a injustiça que pode ser feita com pessoas que se amam e o reforço ao preconceito de grupos já segregados. Também é pertinente falar sobre a desinformação que existe sobre o tema e que isso contribuiu para a intolerância. Falamos sobre isso e sobre as novas estruturas familiares neste texto.
9. Atos em nome da religião
Até pouco tempo, o foco das notícias sobre intolerância religiosa era em grupos religiosos extremistas, em especial os islâmicos. Atualmente, o debate sobre o Estado laico e a imposição de posições tidas como religiosas sobre membros de fora das congregações têm ganhado relevância. Por um lado, quais são os riscos à liberdade religiosa, principalmente aos grupos pacíficos? E como combater essa intolerância? Por outro lado, é interessante levantar a questão sobre o respeito a quem não tem religião, ou quem pratica suas crenças de maneira não vinculada a uma denominação religiosa específica. Busque refletir sobre como a crença religiosa, uma crença que é individual, torna-se debate público.
10. Aprender pela internet
Este tema é uma aposta do Vestibular.com.br! Já se deu conta da quantidade de vezes que você recorre à web para estudar e revisar temas que não ficaram claros?
A democratização de informação e o risco de recorrer a sites com informações nem sempre verdadeiras são pontos que devem ser considerados. Esses dois aspectos ganharam bastante foco no último ano em função de propostas eleitorais de ampliar o ensino à distância para o Ensino Básico e também pela proliferação de notícias falsas (fake news), especialmente no período eleitoral.
11. Descriminalização das drogas
O assunto é quente. O STF está discutindo se a Lei Antidrogas é constitucional ou não. Para você ficar por dentro, explicamos melhor o assunto aqui. Na argumentação, contraponha a forma como o tráfico alimenta a criminalidade com a importância (e os riscos) de discutir a descriminalização de algumas substâncias.
12. Crise do sistema hídrico
Outro tema que já tratamos aqui. Os frequentes racionamentos em São Paulo e o já antigo problema de falta d’água no Nordeste – mesmo o Brasil tendo a maior reserva de água doce do mundo – são um prato cheio para a redação do Enem. Foque na importância de investir em infraestrutura para distribuição da água e na tecnologia para reutilização e despoluição de rios e lagoas. Também vale pensar na relação da água com a matriz energética brasileira e no projeto de lei 495/2017, que propõe privatizar a água.
13. Porte de armas
Tema polêmico, mas cheio de pontos de vista para a argumentação. No Brasil, a discussão sobre o desarmamento voltou à tona com tudo neste ano. O presidente eleito manifestou-se publicamente a favor de revogar o Estatuto do Desarmamento, o que pode ocorrer ainda em 2019. Fale sobre os riscos de as armas caírem nas mãos de criminosos e a importância de combater o problema por meio de políticas de segurança pública e educação. Se quiser se aprofundar, leia este texto.
14. A mulher na sociedade contemporânea
Apesar de ser um tema recorrente no Enem, a violência contra a mulher em casa e na rua, e a discrepância de salário no mercado de trabalho são problemas que ainda não foram superados. A questão do aborto é uma das apostas mais fortes, já que em 2019 o STF vai julgar a descriminalização do ato. O processo de empoderamento da mulher se iniciou na década de 60 e ainda há muito por fazer. Sobre o assunto, pode-se abordar costumes antigos que ainda perduram na sociedade atual, a mulher no poder e em cargos de alto nível (empreendedorismo e independência) e o preconceito por parte da parcela masculina.
15. A democracia brasileira
Em 2015, completou-se 30 anos do fim do Regime Militar. Nas eleições passadas, vários grupos e candidatos(as) manifestaram-se de modo polêmico sobre o período – o próprio ministro da Educação entre eles(elas). Reflita sobre o que mudou nesses 24 anos desde a redemocratização. Quais os caminhos que devemos tomar para reforçar a democracia brasileira? Quais os principais problemas? O tema é um prato cheio, mas evite cair em argumentos polêmicos, como manifestar posicionamento político e replicar um discurso raivoso contra governo ou oposição. Seja crítica(o), mas lembre-se de que o texto deve ser uma dissertação-argumentativa, trazendo os prós e os contras.
16. Justiça com as próprias mãos
O problema da segurança pública no Brasil foi um dos focos da última campanha eleitoral. No debate – e na própria discussão do Estatuto do Desarmamento –, uma parcela grande de eleitores e pleiteantes a cargos públicos manifestou-se de modo mais extremo sobre a criminalidade. Já em 2015 uma pesquisa mostrava que 50% da população brasileira acredita que “bandido bom é bandido morto”. Esses fatos indicam, por um lado, um colapso do nosso sistema de segurança pública. Por outro, mostram uma descrença no restabelecimento da paz por vias civilizadas. Além disso, pode-se abordar a insuficiência do sistema judiciário e penitenciário brasileiro, a falta de ressocialização nas prisões e o despreparo da polícia.
17. Crise política no Brasil
Com a operação Lava Jato, o impeachment de Dilma Rousseff e a prisão de diversos políticos por corrupção, o Brasil vive um dos seus piores momentos políticos. A polarização das últimas eleições é um reflexo forte da crise política atual. Na redação, é possível argumentar sobre os alguns impactos da crise, como a estagnação da economia, oscilação da inflação ou elevado índice de desemprego. Outro aspecto é a insegurança da população com relação às instituições públicas, ou mesmo a própria polarização das eleições.
18. Liberdade de expressão
Tema velho que pode ganhar uma nova roupagem neste ano é a liberdade de expressão. Os limites entre discurso de ódio e opinião, alguns argumentam, estão ainda mais borrados em tempos de redes sociais. A possibilidade de publicizar uma posição sobre um tema e ser lido(a) por milhares de pessoas online traz um novo impacto ao tema. Vale destacar que até o Enem foi alvo nas últimas eleições. Desde 2017 sem poder cobrar respeito aos direitos humanos na redação, o exame usado pela maioria das instituições públicas de ensino superior do país pode sofrer muitas alterações nesse ano. O presidente eleito e o ministro da Educação, além de outras figuras públicas, já criticaram publicamente o que chamam de “doutrinação ideológica” na forma como o Enem aborda questões sobre igualdade e liberdade. Há quem acredite que a prova também adote posições muito mais conservadoras (e menos inclusivas) já a partir deste ano.
Estudar atualidades é importante na preparação para o Enem! E agora você já está por dentro dos temas atuais para redação que podem cair no Enem 2019. Pronto! É só estudar e ler as nossas dicas para se aprofundar mais!