segunda-feira, 24 de junho de 2019


BOM DE LER...


Florbela Espanca
FANATISMO
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !

E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

QUEM FOI?
Florbela Espanca (Vila Viçosa8 de dezembro de 1894 — Matosinhos8 de dezembro de 1930), batizada como Flor Bela Lobo, e que opta por se autonomear Florbela d'Alma da Conceição Espanca , foi uma poetisa portuguesa. A sua vida, de apenas 36 anos, foi plena, embora tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos, que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotizaçãofeminilidade e panteísmo. Há uma biblioteca com o seu nome em Matosinhos.
A OBRA:
Autora polifacetada: escreveu poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diversa índole, Florbela Espanca antes de tudo é poetisa. É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto "No meu Alentejo" é uma glorificação da terra natal da autora.

FLORBELA NA MÚSICA
O grupo musical português Trovante musicou o soneto "Ser poeta", incluído no volume Charneca em Flor. A canção intitulada "Perdidamente", com música de João Gil, tornou-se numa das músicas mais populares da banda. Faz parte do álbum Terra Firme, lançado em 1987. O cantor e compositor brasileiro Fagner interpretou o poema "Fanatismo", da coletânea Soror Saudade, com sua composição do mesmo nome no álbum Traduzir-se (1981) e também "Fumo" no álbum Fagner (1982).
Em 2001 a cantora brasileira Nicole Borguer estreou seu primeiro álbum Amar - Um Encontro com Florbela Espanca, musicando sonetos de diversas fases da poetisa, com estilos musicais também diversos.
Ainda é possível encontrar seus poemas Caravelas Amores Vãos na obra da fadista Mariza.

FLORBELA EM FILME
Florbela Espanca – filme de 1978 (24 minutos aproximadamente) na rede de televisão portuguesa RTP.
Em 2012, a RTP exibiu a minissérie em três capítulos Perdidamente Florbelaprograma com Dalila Carmo no papel de Florbela, Ivo Canelas no papel de Apeles e Albano Jerónimo no papel de Mário Lage, programa esse adaptado à sétima arte e exibido em salas de cinema com o título de Florbela

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